O primeiro explorador europeu que teria alcançado o vale do rio
Guaporé foi o espanhol Ñuflo de Chávez, de passagem entre 1541 e 1542. Mais tarde, no século XVII, a região foi percorrida pela épica
bandeira de Antônio Raposo Tavares, que, entre 1648 e 1651, partindo de São
Paulo, desceu o curso do rio Paraná, subiu o rio Paraguai, alcançou o vale do
rio Guaporé, atravessou o rio Mamoré, seguiu pelo rio Madeira alcançando o
rio Amazonas, cujo curso finalmente desceu até alcançar Belém do Pará.
Tendo ainda alguns missionários se aventurado isoladamente pela
região, no século seguinte, a partir da descoberta de ouro no vale do rio
Cuiabá, os bandeirantes começaram a explorar o vale do Guaporé.
Por esse motivo, em 1748, as instruções da Coroa portuguesa para o
primeiro Governador e Capitão General da Capitania do Mato Grosso, Antônio
Rolim de Moura Tavares (1751-1764), foram as de que mantivesse - a qualquer
custo - a ocupação da margem direita do rio Guaporé, ameaçada por incursões
espanholas e indígenas, oriundas dos povoados instalados à margem esquerda
desse curso fluvial desde 1743 (a saber: Sant'Ana, na foz do ribeirão deste
nome; São Miguel, na foz do rio deste nome; e Santa Rosa, nos campos deste
nome, depois transferida para o local onde foi conquistada por tropas
portuguesas, na margem direita do rio Guaporé).
Rolim de Moura instalou a sua capital em Vila Bela da Santíssima
Trindade (19 de março de 1752), tomando as primeiras providências para a
defesa da Capitania que lhe fora confiada. Assim que atendeu as necessidades
das demarcações requeridas pelo Tratado de Madrid (1750), em 1753 incursionou
sobre a povoação espanhola de Santa Rosa Velha, na margem direita do Guaporé,
e ali fez instalar um pequeno posto de vigilância (uma "guarda"),
sem modificar o nome do local para evitar protestos dos vizinhos espanhóis.
Mais tarde, diante da solicitação do governador de Santa Cruz de la Sierra
para a imediata evacuação do posto, Rolim de Moura transformou a antiga Guarda
em um forte, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição (Presídio de Nossa
Senhora da Conceição) (1759).
Frente às renovadas incursões espanholas e aos rigores climáticos, em
poucos anos este Presídio se encontrava em ruínas. Por estas razões foi reconstruído
e posteriormente rebatizado pelo Governador Luís Pinto de Sousa Coutinho
(1769-1772), com o nome de Forte de Bragança (1769), que, por sua vez em
ruínas, foi substituído em definitivo pelo Real Forte Príncipe da Beira
(1776).
Nesse período, em 1772, Francisco de Melo Palheta, partindo de Belém
do Pará, atingiu sucessivamente o rio Madeira, o rio Mamoré e o rio Guaporé,
alcançando Santa Cruz de la Sierra.
Com o declínio da mineração, e a Independência do Brasil, a região
perdeu importância econômica até que, ao final do século XIX, com o auge da
exploração da borracha, passou a receber imigrantes nordestinos para o
trabalho nos seringais amazônicos.
O início da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em virtude
da assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), constituiu outro poderoso
impulso para o povoamento.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Decreto-lei nº 5.812 (13 de
setembro de 1943) criou o Território Federal do Guaporé, com partes
desmembradas dos estados do Amazonas e do Mato Grosso.
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Com
uma economia baseada na exploração de borracha e de castanha-do-pará, pela Lei
de 17 de fevereiro de 1956 passou a se denominar Território Federal de
Rondônia, em justa homenagem ao sertanista Marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon (1865-1958). A descoberta de jazidas de cassiterita e a abertura de
rodovias estimularam a sua economia e o seu povoamento, passando este
Território à condição de Estado a partir de 1982. Já naquela época, milhares de
famílias que viviam na região aguardavam a distribuição de terras pelo Incra,
situação que ainda não encontrou uma solução definitiva.
Localização
Localizado na parte oeste da Região Norte do Brasil, o Estado de Rondônia
encontra-se em área abrangida pela Amazônia Ocidental. A maior parte do
território do Estado de Rondônia encontra-se incluída no Planalto
Sul-Amazônico, uma das parcelas do Planalto Central Brasileiro.
Limites
Norte :Estado do Amazonas
Leste e Sudeste : Estado de Mato Grosso
Sudeste: Estado de Mato Grosso e Bolívia
Oeste : Bolívia
Noroeste : Estados do Amazonas e Acre.
Dados Geográficos
Capital
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Porto Velho
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Área (km²)
|
237.576,167
|
Número de Municípios
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52
|
População Estimada 2007
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1.453.756
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Relevo
O
relevo do Estado é pouco acidentado, não apresentando grandes elevações ou depressões,
com variações de altitudes que vão de 70 metros a pouco mais de 500 metros. A
região norte e noroeste, pertencente à grande Planície Amazônica,
situa-se no vale do rio Madeira e apresenta área de terras baixas e
sedimentares. As áreas mais acidentadas encontram-se localizadas na região
sul, onde ocorrem elevações e depressões, com altitudes que chegam a alcançar
800 metros na Serra dos Pacaás Novos, que se dirige de noroeste para sudeste
e é o divisor entre a bacia do rio Guaporé e as bacias dos afluentes do rio
Madeira (Jaci-Paraná, Candeias e Jamari).
Solo
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) identificou no Estado
de Rondônia, 186.442 km² de solos aptos para lavouras, 8.626 km² para
pastagem plantada e ainda 6.549 km² com possibilidades de utilização para
silvicultura e pastagem natural.
Hidrografia
A rede hidrográfica do Estado de Rondônia é representada pelo rio Madeira e
seus afluentes, que formam oito bacias significativas: Bacia do Guaporé,
Bacia do Mamoré, Bacia do Abunã, Bacia do Mutum-Paraná, Bacia do Jacy-Paraná,
Bacia do Jamari, Bacia do Ji-Paraná e Bacia do Aripuanã. O rio Madeira,
principal afluente do rio Amazonas, tem 1.700 km de extensão em território
brasileiro e vazão média de 23.000 m3 por segundo. É formado pelos rios
Guaporé, Mamoré e Beni, originários dos planaltos andinos, e apresenta dois
trechos distintos em seu curso, denominados Alto e Baixo Madeira.
O primeiro trecho, de 360 km, até as proximidades da cidade de Porto
Velho, capital do Estado, não apresenta condições de navegabilidade devido à
grande quantidade de cachoeiras existentes. São 18 cachoeiras ao todo, com
desnível de cerca de 72 metros e índice de declividade da ordem de 20 cm a
cada quilômetro. O Baixo Madeira, trecho em que o rio é francamente
navegável, corre numa extensão de 1.340 km, a partir da Cachoeira de Santo
Antonio até sua foz, no rio Amazonas.
O trânsito fluvial entre Porto Velho e Belém, capital do Estado do
Pará, é possível durante todo o ano nesta hidrovia de cerca de 3.750 km,
formada pelos rios Madeira e Amazonas. Através do rio Madeira circula quase
toda a carga entre Porto Velho e Manaus, capital do Estado do Amazonas,
principalmente os produtos fabricados nas indústrias da Zona Franca de
Manause destinados aos mercados consumidores de outras regiões.
O rio
Guaporé, em todo o seu percurso, forma a linha divisória entre o Brasil e a
Bolívia, apresentando condições de navigabilidade para embarcações de pequeno
e médio calados na época da vazante. A bacia do Mamoré ocupa área de 30.000
km² dentro de Rondônia e, juntamente com a bacia do Guaporé forma uma rede
hidroviária de capital importância para o Estado, que utiliza a hidrovia como
seu principal meio de transporte e comunicação.
O rio Mamoré nasce na Bolívia e recebe o rio Beni, ocasião em que
forma também a linha fronteiriça do Brasil com a Bolívia. É navegável a
embarcações de médio calado em qualquer época do ano. A bacia do rio
Mutum-Paraná ocupa superfície de 8.840 km² e é de importância apenas relativa
para o Estado, servindo principalmente como via de penetração para o
interior.
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O
rio Abunã é importante por ser responsável pela demarcação da linha divisória
dos limites internacionais entre Brasil e Bolívia no extremo oeste do Estado. A
área
de abrangência de sua bacia hidrográfica é de aproximadamente 4.600
km² numa região onde o grande número de cachoeiras e corredeiras dificulta a
navegação. A bacia do rio Jaci-Paraná se estende por 12.000 km²e apresenta as
mesmas características do rio Mutum-Paraná.
O rio Jamari tem grande significação econômica para Rondônia, por ter
sido represado para a formação da primeira usina hidrelétrica do Estado e
servir como importante via de transporte de passageiros e cargas na região
compreendida entre os municípios de Porto Velho e Ariquemes. Sua bacia ocupa
área de 31.300 km² aproximadamente.
O rio Ji-Paraná é o mais importante afluente do rio Madeira em
Rondônia, dada a longa extensão de seu curso, que corta todo o Estado no
sentido sudeste/nordeste. Seu complexo hidrográfico abrange superfície de
aproximadamente 92.500 km². Embora tenha 50 cachoeiras e corredeiras ao longo
de seu percurso, em alguns trechos o rio apresenta-se navegável, atendendo ao
escoamento dos produtos oriundos do extrativismo vegetal na região.
A bacia do rio Aripuanã está localizada na região sudeste do Estado e
ocupa área de aproximadamente 10.000 km². Seus rios são extremamente
encachoeirados, oferecendo grande potencial hidrelétrico, mas se encontram,
em sua maioria, dentro de áreas indígenas, não podendo, portanto, ser
explorados.
Clima
O clima do Estado de Rondônia é equatorial e a variação da temperatura se dá
em função das chuvas e da altitude. As temperaturas médias anuais variam
entre 24 e 26º C, podendo as máximas oscilar entre 28 e 33º C e as mínimas
chegar a 18 ou 21º C nas regiões de maior altitude, no município de Vilhena.
A precipitação anual varia de 1.800 a 2.400 mm. A menor queda pluviométrica
ocorre no trimestre de junho a agosto, sendo o período de dezembro a maio o
mais úmido.
Parques e Reservas Naturais
Com o objetivo de proteger a natureza e garantir a preservação ambiental de
extensas áreas não habitadas, o Governo Federal passou a criar parques e
reservas naturais na região Amazônica. O Parque Nacional de Pacaás Novos foi
criado em 1979 e ocupa área de 765.000 hectares (1.913.000 acres) nos
municípios de Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes e Ji-Paraná. Com extensa
área de plateau coberta por espessa vegetação de cerrado, nele se encontra a
Chapada dos Pacaás Novos, na região oeste do Estado.
Na
fronteira com o Estado de Mato Grosso às margens do rio Ji-Paraná,
encontra-se a Reserva Biológica Nacional do Jaru, com área de 268.150
hectares (670.375 acres), também criada em 1979.
Na região sul do Estado encontra-se a Reserva Natural de Guaporé, que cobre
uma área de 600.000 hectares (1.500.000 acres). O acesso à região é feito por
barco. Dentro da reserva, a três dias de viagem da cidade de Guajará-Mirim,
podem ser visitadas as ruínas do forte Príncipe da Beira, construído no
século XVIII pelos colonizadores portugueses.
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Existe
ainda no Estado a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, que abrange área de
204.583 hectares, localizada nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré e a
Reserva Ecológica Nacional Ouro Preto do Oeste, com área de 138 hectares, no
Município de Ouro Preto do Oeste, região sudoeste do Estado.
Gentílico
Rondoniano.
Hora local
-1h em relação a Brasília.
CAPITAL DO ESTADO - PORTO VELHO
O início do povoamento se deu efetivamente a partir de 1907, depois da
assinatura do Tratado de Petrópolis ( 17 de Novembro de 1903 ) em que o
Brasil se comprometia com a Bolívia em construir uma estrada de ferro que
ligasse a fronteira boliviana do rio Mamoré, onde hoje está a cidade de
Guajará Mirim, até a cabeceira navegável do rio Madeira, hoje Porto Velho.
Em contrapartida o Governo boliviano passava para o Brasil as terras
do extremo oeste que formam hoje o Estado do Acre. A Bolívia necessitava
escoar sua produção para a Europa e Estados Unidos e por não ter oceano o
meio mais viável à época era rumo norte, via os rios Mamoré, Madeira,
Amazonas e Oceano Atlântico. Entretanto a dificuldade dessa navegabilidade
estava nos Rios Mamoré e Madeira, pois em seus leitos haviam vinte e três
cachoeiras, impossibilitando qualquer empreitada.
Sem estradas e diante do problema, a ferrovia era a saída. Foi então
que o Brasil concessão para se construir uma ferrovia em plena selva
amazônica margeando todo o leito dos rios: a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
( EFMM ), nome que referenciava os dois rios a serem ligados.
Vieram,
então, para cá cidadãos de diversas nacionalidades, entre eles ingleses,
norte-americanos, caribenhos e asiáticos, todos determinados a desbravar essa
fronteira e a construir a maior obra humana na Amazônia Ocidental.
Como a
melhor tecnologia era a estrangeira, eles chegaram prontos a construir uma
estação completa, dotada do que havia de básico e imprescindível para o bom
andamento do empreendimento e o bem-estar de seus usuários. Com a chegada dos
trabalhadores e o desenvolvimento, a pequena vila de Santo Antônio da
Madeira, situada a 7 km ao sul do porto Madeira, ao passar dos anos foi
gradualmente se transferindo para as proximidades da nova estação central.
Nascia, então, a cidade de Porto Velho.
O
nome Porto Velho tem sua origem exata ainda não comprovada historicamente. A
primeira versão é de que o nome se deu em função de um antigo agricultor que
morava nas proximidades do local, chamado "Velho Pimentel", o qual
tinha um pequeno porto onde as embarcações que se destinavam à Vila de Santo
Antônio atracavam. Era o "Porto do Velho", e, portanto, mais tarde
"Porto Velho".
A segunda hipótese é a de um ponto de apoio e estratégico deixado pelo Exército
brasileiro durante a Guerra do Paraguai, quando essa fronteira se encontrava
desguarnecida. A guerra acabou e o ponto logístico ficou, restando apenas a
denominação "Porto Velho".
As
instalações do complexo ferroviário crescia, a renda per capta era alta, o
comércio vigoroso e o fluxo de estrangeiros intenso. Foi o que bastou para o
pequena cidade chamar a atenção de nações distantes com interesses especiais:
um pequeno povoado em franco desenvolvimento, uma estrada de ferro e um
eldorado latente em plena selva brasileira.
Em 2 de
outubro de 1914, Porto Velho era conhecida político-administrativamente como
Município e em 13 de setembro de 1943 como capital de novo Território Federal
do Guaporé, que mais tarde, em 17 de fevereiro de 1956, passava a se chamar
de Território Federal de Rondônia, em homenagem ao Marechal Cândido da Silva
Rondon.
Em 10
de Abril de 1979 chegava para governar o então Território, o Coronel Jorge
Teixeira de Oliveira, o último Governador do Território e o primeiro do
Estado.
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Jorge
Teixeira tinha a missão de transformar Rondônia em Estado, preparando o
Território e organizando a capital Porto Velho para receber os poderes
constituídos. O eldorado estava aberto: foi a explosão demográfica mais
impressionante no Brasil da época, Porto Velho finalmente se consolidara como
capital forte e próspera da última fronteira do país.
A origem do nome
Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia
que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de
380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará
Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria
transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo
Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.
As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos
rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e
armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local
muito mais favorável. Era chamado por alguns de "porto velho dos
militares", numa referência ao abandonado acampamento da guarnição militar
que ali acampara durante a Guerra do Paraguai (essa guarnição ali estivera como
precaução do Governo Imperial contra uma temida invasão por parte da Bolívia, aparentemente
favorável a Solano Lopes).
Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-Lei nº 5.024, autorizando
navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência,
foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que
passou a ser denominado "porto dos vapores" ou, no linguajar dos
trabalhadores, "porto novo".
O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança,
apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto
inicial da EFMM. Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu
concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar
materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria
aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da
cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu
o nome Porto Velho . Hoje, é a capital de Rondônia.
Data
de Publicação:Autor: Cairo Nunes Melchiades 09/12/2009
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